Ecos de Prata
Era a garota misteriosa.
A presen?a dela parecia distorcer a realidade ao seu redor. Seus cabelos prateados, t?o brilhantes quanto a lua cheia, escorriam em fios lisos até a cintura, refletindo a luz com um brilho etéreo. Os olhos dourados encararam Onnerb, n?o com surpresa, mas com um reconhecimento intenso e imperturbável. Ele ficou paralisado, o cora??o acelerado, lembrando-se da noite em que havia testemunhado suas habilidades sobre-humanas e a luta que presenciara. Aquela figura n?o era apenas uma estranha; ela era um enigma que despertava nele perguntas que ansiavam por respostas.
— Você... — ele come?ou, mas as palavras n?o saíram. A vis?o dela o deixava sem fala.
A garota misteriosa estava à sua frente como se nada houvesse mudado desde o seu último encontro. Seu uniforme escuro era idêntico ao de Fernando — com cortes justos e detalhes metálicos — como se pertencessem a um mesmo núcleo. Tudo nela exalava precis?o, disciplina e uma aura de controle que o fascinava.
Por longos segundos, eles se encararam em silêncio, até que ela finalmente se virou, desaparecendo pela sombra do corredor. Onnerb ficou imóvel, perplexo. O que ela representava? E por que parecia t?o familiar e, ao mesmo tempo, t?o distante?
Em Busca de Respostas
Nos dias que se seguiram, a figura da garota misteriosa tornou-se uma constante ilus?o em sua vida. Ela surgia em corredores distantes, treinava em horários alternativos e escorregava entre as multid?es do refeitório, sempre evitando-o. Seus olhares se cruzavam ocasionalmente, mas havia algo de quase calculado em sua evas?o. A garota parecia guardar um segredo, um que envolvia Onnerb de forma mais profunda do que ele poderia imaginar.
Determinando-se a compreendê-la, Onnerb come?ou a investigar. A curiosidade o levou a perguntar a outros alunos sobre ela, mas quase ninguém parecia saber mais do que o básico. A garota misteriosa era uma aluna, mas também alguém que carregava um peso maior do que o comum. Esse desconforto apenas alimentou seu desejo de entendê-la.
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Naquela noite, enquanto um manto de chuva caía suavemente sobre a cidade, ele a viu novamente. A garota estava sozinha, encostada em uma das paredes de pedra negra do pátio externo do Instituto, o olhar perdido nas nuvens carregadas. Uma aura de tristeza a envolvia, fazendo Onnerb sentir um impulso de se aproximar, de perguntar o que a afligia.
Ele deu dois passos hesitantes, mas assim que a garota o percebeu, virou-se e come?ou a correr. O instinto tomou conta dele. Onnerb perseguiu-a, atravessando o pátio escorregadio e descendo as escadas de pedra úmida, até entrar por um corredor quase sem ilumina??o.
Ali, na penumbra, a garota parou. Mas n?o por ele.
Uma presen?a obscura come?ou a tomar forma diante deles. Uma figura encapuzada emergiu das sombras, olhos vermelhos como brasas apagadas e garras longas tilintando contra o piso. O cora??o de Onnerb disparou ao reconhecer a amea?a.
— Você n?o devia estar aqui... — disse a garota, a voz tremendo como um sussurro de tempestade, o medo agora evidente, quebrando o controle que ela tanto parecia manter.
A criatura atacou.
A garota respondeu com uma violência surpreendente. Seus movimentos eram uma dan?a brutal — laminas ocultas surgiram de seus bra?os, e ela se movia entre os golpes do ser como uma sombra viva. Os ecos dos impactos reverberavam no corredor, e Onnerb observava a batalha, impressionado com a destreza dela, mas preocupado.
Ele se lan?ou para ajudar, mas antes que pudesse intervir, foi repelido por um golpe feroz da criatura que o arremessou contra uma grade metálica. A dor explodiu em seu peito, e ele perdeu a consciência por um breve momento.
Quando Onnerb acordou, ainda atordoado, conseguiu vislumbrar a menina. Ela lutava com ferocidade, suas laminas cortando o ar com precis?o. No entanto, a criatura n?o recuava; os golpes certeiros come?aram a deixar marcas visíveis em seu corpo.
Um arranh?o profundo abriu-se em seu flanco, e outro corte atravessou sua coxa. A respira??o dela se tornava pesada, e Onnerb sentiu uma onda de adrenalina misturada com pavor.
A garota gritou. E lutou ainda com mais ferocidade.
Rasgou o ar com suas laminas. Esquivava-se com giros, tentando manter o controle, mas estava ficando lenta. Os golpes do inimigo come?avam a encontrar brechas.
Entao ela cambaleou..
O monstro se preparava para o golpe final.
A garota n?o recuou.
Mas foi quando a criatura avan?ou com a garra al?ada — foi quando algo explodiu no ar. Um redemoinho cortou as sombras. Um som metálico colidiu com a garra, desviando-a no último segundo.
E ent?o ele apareceu.